Falemos de casas. Do sagaz exercício de um poder
tão firme e silenciosom como só houve
no tempo mais antigo.
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De doces mãos irreprimíveis,
- Sobre os meses, sonhando nas últimas chuvas,
as casas encontram seu inocente jeito de durar contra
a boca súbtil, rodeada em cima pela treva das palavras.
Digamos que descobrimos amoras, a corrente oculta
do gosto, o entusiasmo do mundo.
Descobrimos corpos de gente que se protege e sorve, e o silêncio
admirável das fontes.
Pensamentos nas pedras de alguma coisa celeste
como fogo exemplar.
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E temos memória,
E absorvente melancolia,
e atenção às portas sobre a extinção dos dias altos.
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Alguém trouxera cavalos, descendo os caminhos da montanha.
Alguém viera do mar.
Alguém chegara do estrangeiro, coberto de pó.
Alguém lera livros, poemas, profecias, mandamentos,
inspirações.
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Imaginavam bem a pureza com homens e mulheres
ao lado uns dos outros, sorrindo enigmáticamente,
tocando uns nos outros -
comovidos, difíceis, dadivosos,
ardendo devagar.
Excertos do poema de Herberto Helder in 'Ofício Cantante'
quinta-feira, 4 de março de 2010
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Que belo começo, querida Tia!
ResponderEliminarah, pois...quem tem sobrinhas assim!
ResponderEliminarJá sei escrever comentários!!!
ResponderEliminarÉ lidíssimo o teu texto!
Escreví um comentário, mas apagueino
...e apagaste-o porquê ? logo o teu, que eu queria tanto!
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